Castella de Portugal

Texto Frederico Duarte
Fotografia Namiko Kitaura

O Pão de Ló, também chamado Pão de Castela, chegou ao Japão no século XVI com os primeiros europeus a chegar às terras do Sol Nascente, os portugueses. Desde essa data, é tido neste país como o mais querido e delicioso dos legados deste encontro de culturas, sendo produzido industrialmente e distribuído por todo o país, em embalagens tão elaboradas como atractivas. Através dos olhos e da máquina fotográfica da jovem fotógrafa japonesa Namiko Kitaura, vemos a Castella como um singular elemento de ligação entre os dois países e também como uma parte fundamental da estética e cultura japonesas.

Namiko Kitaura

Depois de se formar na Universidade das Artes de Londres, frequentou a FABRICA (o centro de investigação em comunicação da Benetton) como artista em residência. A ambiguidade e a subtileza estão no cerne do seu trabalho. Produz imagens distintas com uma voz forte e pessoal com o uso de uma visão japonesa única sobre a natureza e a relação entre a vida e a natureza. O romantismo implícito nas suas obras é simultaneamente abstracto e absoluto. Através de temas anónimos tais como plantas, paisagens, pele humana, as imagens contemplam-se sensualmente, com um sentido de movimento gracioso suspenso num quadro não temporal. Com as suas técnicas únicas, Namiko pretende visualizar os aspectos quase invisíveis da condição humana que se encontram abaixo do físico, e a sua justaposição de uma forma simbólica e metafórica: paixão na depressão, conforto na tristeza, tranquilidade no caos e beleza na fealdade. O seu tema principal tem estado relacionado com as memórias ao nível do ADN das pessoas, a transitoriedade da vida e a beleza desta transitoriedade.