A monocultura do Pastel de Nata

Texto Alexandra Prado Coelho
Ensaio fotográfico Natasha Cabral

O aumento exponencial do turismo e a liberalização do mercado de arrendamento provocaram enormes mudanças no comércio local em Portugal. Essas mudanças fizeram-se sentir na pastelaria de Fabrico Próprio, sobretudo através da criação de uma monocultura em torno do Pastel de Nata. Inúmeras iniciativas contribuíram para fazer deste bolo, outrora apenas um entre muitos, o verdadeiro ícone gastronómico português, reconhecido dentro e fora do país. As várias cadeias de lojas dedicadas exclusivamente à venda deste bolo que surgiram nos últimos dez anos mudaram radicalmente a relação entre oferta e procura de pastelaria semi-industrial, levando ao encerramento ou à conversão da oferta de muitas pastelarias que reduziram a sua diversidade para se concentrarem num único produto bem sucedido. Esta secção analisa como a monocultura do Pastel de Nata é uma manifestação da financeirização da economia, bem como da tensão entre o poder das marcas, e do marketing, e a qualidade e originalidade que devemos procurar, e exigir, nos produtos de pastelaria local.

Texto: Alexandra Prado Coelho
Ensaio fotográfico: Natasha Cabral