Ingredientes projectados, ou o design da matéria gastronómica
Quando comemos um bolo não pensamos na farinha usada no seu fabrico nem sabemos de onde veio, ou em que campo foi cultivado o cereal que lhe deu origem. Também não pensamos em que fábrica foi transformada ou como viajou até a pastelaria onde foi transformada em parte da nossa refeição, junto de outros ingredientes e componentes. Tal como as farinhas, estes produtos – margarinas, fermentos, açúcares refinados, ovos pasteurizados… – são também resultado de processos de produção a uma escala (semi-)industrial, não refletidos (ou ocultados) nos produtos finais da pastelaria do dia-a-dia. Esta secção aborda alguns destes processos, mostrando como as cadeias de produção, processamento e distribuição, sem esquecer os recursos usados e os resíduos criados, exigem pensar no design da pastelaria semi-industrial em termos sistémicos. Esta exigência pretende, por sua vez, promover uma tomada de consciência, junto de consumidores informados, sobre a indústria alimentar contemporânea.
Texto: Frederico Duarte e Rita João
Fotografia: Pedro Sadio