Miguel Esteves Cardoso
Acho que as autobiografias das pessoas deveriam começar pelo presente. Eu sou uma pessoa feliz, apaixonada pela Maria João, com quem vivo há mais de 20 anos. Quis ser escritor desde que me lembro de ler — muito depois de ter aprendido a querer — e sou feliz por escrever todos os dias para as pessoas que fazem e lêem o Público. Não é fácil escrever todos os dias — mas a obrigação de escrever é boa. Para quem nunca escreveu um diário, é estranha a quantidade de coisas que nos acontecem. E a tristeza e outras qualidades delas que, de resto, jamais mencionaríamos. Foi aqui, no PÚBLICO, com letras grandes, que encontrei o compasso do meu coração. Quando as coisas corriam mal, depois de terem sido aqui escritas, foi quase como um castigo pelo prazer que me deram.